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Arquitetos: Estúdio Ginga
- Área: 255 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Ian Rassari
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Fabricantes: Adobe, AutoDesk, Cerâmica Itaja, Gabriel Novaes, Trimble Navigation
Descrição enviada pela equipe de projeto. A fachada frontal incorpora e salienta a escada da casa, que se destaca em um balanço estrutural e recebe uma grande parede em tijolo maciço. Essa volumetria definida pela forma da escada, a leveza do balanço e o peso do tijolo, marcam essa edificação, em ritmo, forma, estrutura e materialidade. A forma se traduz em dois volumes paralelos resolvidos em um bloco de uso íntimo e outro de uso social, interseccionados e conectados através do hall de entrada.
O primeiro elemento percebido ao se adentrar na casa é uma jabuticabeira, a árvore emoldurada por vidro e concreto faz a transição dos volumes construídos. O bloco direito abriga a garagem, as áreas de serviço, a cozinha e o terraço. O bloco esquerdo acomoda a área íntima da casa, cujo programa se desenvolve com as duas suítes térreas, a sala de TV e a escada, que acessa o andar superior desse bloco, com escritório aberto para o mezanino, banheiro e solarium.
A estratégia de dividir o programa em dois blocos contribuiu para que explorássemos o contato dos habitantes com a natureza, uma vez que os volumes estão implantados entre jardins e, dessa forma, ampliamos relação dos ambientes com o exterior, através de aberturas e elementos convidativos, como bancos de concreto estrategicamente locados para a apreciação da natureza. Elementos arquitetônicos como brises, cobogós, pérgulas e aberturas zenitais marcam os caminhos da incidência de luz natural na arquitetura, na medida em que a casa acompanha seu movimento.
Os brises de correr, estruturados em alumínio com fechamento em ripas de madeira, sombreiam e controlam a luminosidade dos ambientes e juntamente com os cobogós, resultantes da paginação dos tijolos, possibilitam a entrada do vento, conservando a privacidade e diluindo a camada de transição entre o interior e o exterior. Sobre a materialidade podemos destacar o tijolo cerâmico maciço e o concreto armado, somados ao piso em granilite e ladrilho hidráulico, os quais demonstram o desejo de se fazer uma arquitetura que utilizasse materiais e execuções rústicas e que envelhecem bem. Em adição, devemos pontuar o uso de acabamentos em vidro, alumínio preto e madeira maciça, que compõem a comunicação entre a linguagem rústica e contemporânea almejada nessa edificação.
Além disso, alguns elementos da arquitetura de interiores foram concebidos dentro das soluções construtivas, como bancadas e bancos em concreto e os tapetes, da sala de TV executado em terrazo, e no solaruim em granilite colorido, com uma paginação feita pelo artista visual Gabriel Novaes. O registro fotográfico foi realizado nos últimos dias de obra e logo antes da instalação dos moradores, e, portanto, transmite uma edificação em um momento pré-clímax, um espaço livre para outras narrativas. Com esse ensaio buscamos explorar as dimensões da arquitetura, transformando a edificação em um palco onde a presença do corpo se relaciona e preenche os espaços através da dança.